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Nasci em Ovar, dizem os locais que num berço de pão-de-ló, talvez por isso a minha vida esteja em contínua dieta. Cheguei claramente atrasado a uma brilhante carreira de futebol (quanto o lamentam os meus pais...), mas alinho com brio na camisola da matemática onde, dizem as boas línguas, chego longe. A altura, indiscutivelmente ajuda neste propósito...

O curso de matemática e ciências da computação terminado na UM abriu-me o apetite para a junção dos dois domínios e, neste momento, estou a fazer o gostinho ao dedo construindo sites e materiais educativos nos intervalos das aulas de matemática do 3.º CEB. A tese de mestrado e o doutoramento estão concluídos.

Nasci perto da serra da estrela, com o frio por cobertor no amável ano do senhor de 1955. Era uma menina rechonchuda, arrebitada e com olhos grandes como pratos, dispostos a comer o mundo à colher. A Matemática, as contas como se dizia então na linguagem de bibes e tranças, era uma fiel companheira para os longos invernos. A minha infância correu suave, nem sempre com os melhores mestres, mas um marcou definitivamente o meu caminho académico.

Provavelmente nunca o soube, mas a ciência nunca mais abandonaria a minha vida. A Física competiu com a Matemática disputando o 1.º lugar das minhas ocupações. A Matemática ganhou o primeiro round - terminei a licenciatura em Matemática Pura (Álgebra e Análise) na Universidade de Coimbra -, mas a Física acabou por marcar o ritmo do meu doutoramento, pois mergulhei na estrutura dos Amorfos Covalentes. Concordo, o nome não é famoso, mas a temática escolheu-me.

Vivo no campo, no centro do país, e desfruto pousando o olhar nas estrelas e constelações que cobrem o meu céu, ao som dos suaves guizos das irrequietas cabritas dos vizinhos. Vejo crescer as plantas no jardim que logo definham, fugindo dos sons que um cavaquinho desafinado e um acordéon retirado, despejam no ar sem pudor.

Divertimo-nos em família envolvidos nos afazeres campestres, à noite sonhamos com o fim de um restauro que nos envolve em memorias gratas que nos esforçamos por honrar. Sempre respirei ensinar, sempre me apaixonou ajudar a construir o raciocínio, sempre acreditei que se pode aprender. Hypatiamat consolidou todas estas minhas convicções.

Aveiro, onde nasci, marcou para sempre o meu amor ao mar, ao branco e azul, a pulsão pela liberdade e a aventura. Entre o vento e a maresia, aí nasceu o meu gosto pela matemática, exaltado no liceu por uma professora que nos arrastava à descoberta de demonstrações e propriedades, bem longe da monótona tradição expositiva. Essas aulas traçaram-me o caminho: Coimbra e a licenciatura em Matemática (Aplicada, ramo científico), terminada ao tempo do 25 de Abril. E logo, em rápida sucessão, a docência como Assistente na FCTUC, o casamento, a maternidade, o sol na vida. Paris, a cidade luz, deslumbrou-me com três extraordinários anos que dediquei a investigação em Física Matemática, e muito mais. A tese doutoral, que deveria coroar o meu regresso, ficou pelo caminho, derrotada por uma doença que trouxe anos de incertezas e remexeu prioridades. Foi-se a tese, ficou a vida, mais rica.

Depois de treze anos no Departamento de Matemática, acolheu-me a Escola Superior de Educação de Coimbra e a formação de professores. Ao desespero inicial por não estar a ensinar matemáticos em embrião, antes os que de matemática nem queriam saber, seguiu-se o fabuloso desafio de transformar renitentes em aderentes. Descoberta inesperada: neste processo, curiosamente, era eu quem estava a chegar à raiz do conhecimento matemático! Trabalhei com alunos que queriam ser professores, com professores em exercício nos primeiros anos de escolaridade, palmilhei estradas a visitar escolas, perscrutei os raciocínios das crianças, experimentei intervenções, analisei resultados, aprendi ainda... E agora, neste Projeto, o caminho continua.

Em construção...